http://www.youtube.com/watch?v=PB4OjPN4tjA
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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Vine, Horton, Thiessen e — principalmente — a Bíblia explicam por que o Homem Jesus não é igual (e sim semelhante) ao primeiro Adão e a nós

Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens.
Filipenses 2.5-7, ARA

Teólogos há que — por sua conta e risco — têm ignorado ou minimizado a evidente diferença entre igualdade e semelhança na passagem acima. Mas ela assevera claramente duas coisas: (1) Jesus é igual a Deus Pai (isto é, 100% Deus); (2) ao se encarnar, o Senhor não teve por usurpação o ser igual a Deus Pai e tornou-se semelhante aos homens.

Como veremos neste artigo, no que concerne à personalidade ímpar do Deus-Homem não podemos ignorar ou minimizar o fato de que Ele é igual a Deus Pai (isto é, 100% Deus) e semelhante aos homens (Hb 2.17,18, Rm 8.3; Fp 2.6-11). E isso torna o clichê “Jesus é 100% homem” passível de averiguação à luz da Bíblia.

Ao definir o termo “igualdade” (gr. isos), W.E. Vine assevera que Jesus é igual a Deus Pai, isto é, 100% Deus — essa verdade é inquestionável e incontestável. Segundo ele, o termo denota: “o mesmo em tamanho, número, qualidade, etc.”. E explica: “[o termo isos] é traduzido por ‘igual’ em Jo 5.18; Fp 2.6, onde a palavra está no plural neutro, literalmente, ‘igualdades’” (VINE, W. E., Dicionário Vine, CPAD, p.699-700). Fica claro pela definição de Vine, que Jesus não é semelhante ao Pai, mas igual a Ele, haja vista o termo contido em Filipenses 2.6 denotar “o mesmo em tamanho, número e qualidade”.

Vine também define o termo “semelhança”, distinguindo-o de “igualdade” e demonstrando que o Senhor Jesus, o Deus-Homem, não é igual aos homens (isto é, não é 100% homem), e sim semelhante a eles. Semelhança é, prioritariamente, o mesmo que similitude, analogia, afinidade, parecença. E igualdade denota, primacialmente, identidade.

Citando Gifford, que, por sua vez, evoca Meyer, Vine assevera:

“A expressão ‘semelhança de homens’ (ARA) por si só não implica, muito menos exclui ou diminui, a realidade da natureza que Cristo assumiu. Isto [...] está declarado nas palavras ‘forma de servo’. ‘Paulo simplesmente diz semelhante aos homens, porque, de fato, Cristo, embora sem dúvida Homem perfeito (Rm 5.15; 1 Co 15.21; 1 Tm 2.5), foi, por causa da natureza divina presente nEle, não apenas e meramente homem, [...] mas o Filho encarnado de Deus’.”
VINE, W.E., Dicionário Vine, CPAD, p.982

Considerando as precisas definições feitas por Vine, afirmar que Jesus é 100% homem, no sentido de que Ele é idêntico a Adão antes da Queda ou a nós, não reflete boa exegese. Há teólogos que minimizam essa tese e até riem de quem a defende. Entretanto, como existe diferença significativa entre “semelhança” (gr. homoiõma) e “igualdade” (gr. isos), segue-se que Cristo é, sem dúvidas, Homem único, incomparável, monogenes (Jo 1.14).

Ao discorrer sobre essa perfeita e incomparável Humanidade do Senhor Jesus, David R. Nichols, um dos autores da Teologia Sistemática editada por Stanley M. Horton, afirma:

“Ele experimentou a existência linear e corpórea do homem que podia morrer, e morreu mesmo. Neste sentido, parecia viver a humanidade existencial. Ele era, ainda, impecável — e nunca houve outro ser humano assim — e foi ressuscitado pelo Pai à incorrupção. A humanidade essencial de Jesus parece ter estado presente nessas realidades. A revelação de Deus Filho na carne realmente pode ser um desafio capaz de esgotar todas as nossas tentativas de explicá-la. No entanto, para nós, é fundamental crermos que Jesus era completamente humano, semelhante a nós.”
HORTON, Stanley M., Teologia Sistemática, uma perspectiva pentecostal, CPAD, p.332

Segundo o parecer dos eruditos mencionados e — principalmente — de acordo com as Escrituras, podemos afirmar peremptoriamente que Jesus, como Deus, é igual a Deus Pai (isto é, 100% Deus), mas, como Homem, não é igual a nós nem idêntico a Adão antes da Queda.

É, pois, um equívoco, uma falácia, empregar o bordão teológico “Jesus é 100% homem” como uma verdade bíblica inquestionável. Como vimos, esse clichê pode induzir o estudioso da Bíblia à ideia errônea de que o Unigênito do Pai — o Deus encarnado —, o monogenes, pode ser equiparado, igualado, ao ser humano criado pelo Senhor.

Mas o renomado teólogo Henry Clarence Thiessen é ainda mais claro, ao abordar esse assunto:

“Em Rm. 8:3, Paulo diz que Deus enviou Seu próprio Filho ‘em semelhança de carne pecaminosa’. Sanday e Headlam comentam a respeito desta expressão: ‘A carne de Cristo é ‘como’ a nossa só porque é carne; ‘como’, porque não é pecaminosa’. Wm. Sanday, A.C. Headlam, Epistle to the Romans (Epístola aos Romanos) (New York: Chas. Scribner’s Sons, 1898). P.193. Moule diz:

O apóstolo Paulo toma muito cuidado para não dizer ‘em carne pecaminosa’; pois ‘não havia Nele pecado’ quanto a todo o Seu ser santo. Mas nem tampouco diz que em semelhança de carne, o que poderia parecer significar que a carne era irreal. O Filho Eterno assumiu ‘carne’ verdadeira (Jo. 1:14; Rm. 9:5; Cl. 1:22, etc.); e era ‘como’ a nossa ‘carne’ pecaminosa por estar sujeita a todas as necessidades e enfermidades que, embora não pecaminosa em si mesma, são para nós ocasiões para pecarmos. H.C.C. Moule, Romans, em Cambridge Bible for Schools and Colleges (Cambridge: University Press, 1896), pág.138 e seguintes. (…)

Assim, Ele [Jesus] ficou cansado (Jo. 4:6), com fome (Mt. 4:2; 21:18), com sede (Jo. 19:28); dormiu (Mt. 8:24; cf. Sl. 121:4); foi tentado (Hb. 2.18; 4.15; cf. Tiago 1:13); foi limitado em Seu conhecimento (Mc. 11:13; 13:32; 5:30-34; Jo. 11.34); dependente de Seu Pai para ter forças, pois orou (Mc. 1:35; Jo. 6.15; Hb. 5.7); e realizou milagres (Mt. 12:28); ensinou (Atos 1:2), e a Si mesmo ofereceu a Deus pelo Espírito Santo (Hb. 9:14; Atos 10:38). (...)

Ao mostrar essas fraquezas não pecaminosas da natureza humana de Cristo, precisamos, entretanto, nunca nos esquecermos que Ele também era, ao mesmo tempo, Deus verdadeiro. Ele não havia Se esvaziado de seus atributos divinos, mas apenas de exercê-los independentemente, conforme demonstrado anteriormente.”
THIESSEN, Henry Clarence, Palestras em Teologia Sistemática, Imprensa Batista Regular do Brasil, p.212-216.

Em Cristo, o Deus-Homem, indubitavelmente semelhante (e não igual) a Adão antes da Queda e a nós,

Ciro Sanches Zibordi